quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Especialistas reclamam da dificuldade em implementar a rastreabilidade

Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável esteve reunido nesta terça, em São Paulo

Especialistas em pecuária reclamam das dificuldades em implementar a rastreabilidade bovina. Um dos desafios é identificar o produtor que faz a cria do gado e não a engorda. O assunto foi discutido nesta terça, dia 10, em São Paulo, durante reunião do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, formado pelos principais frigoríficos do país, Ongs de defesa ambiental, instituições financeiras e a Embrapa.
Mesmo antes de virar projeto de lei, a rastrabilidade já era motivo de polêmica no setor da pecuária bovina. No fim de outubro foi aprovado no senado um novo modelo para o Sisbov, que torna obrigatória a identificação da origem dos animais para todos os pecuaristas. Nesta terça, em São Paulo, especialistas e representantes de produtores e frigoríficos analisaram esta nova lei. E a conclusão é de que o sistema ainda tem falhas.
O sistema de rastreabilidade usado hoje no Brasil, o Sisbov, foi adotado para garantir a qualidade da carne em relação à sanidade. Só que agora, é preciso dar outras garantias: que o produto não vem de área de desmatamento e nem de onde tenha trabalho escravo. Por isso, o desafio do sistema que vai ser implementado é ainda maior.
Os frigoríficos sabem disso. Eles assinaram um compromisso em não comprar animais criados em áreas de desmatamento. As empresas garantem que já estão investindo para implementar o sistema, mas admitem que a tarefa não é fácil. O gerente de sustentabilidade do grupo JBS Bertin, Daniel Furquim, afirma que a dificuldade está em rastrear o fornecedor de bezerros. Em Mato Grosso e no Pará, por exemplo, 80% deles são pequenos produtores.
Para os pecuaristas, o grande problema está no custo do rastreamento. Esta é a opinião do diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Estado que tem o maior rebanho do Brasil, Vicente Falcão.
Outro tema polêmico do encontro foi uma proposta apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente. A idéia é impedir que áreas embargadas pela Lei Ambiental sejam autorizadas a vender os animais. Assim, a emissão da Guia de Trânsito Animal ficaria automaticamente suspensa.

Frigorífico Diplomata é obrigado a depositar FTGS de 400 funcionários

O Frigorífico Diplomata será obrigado a efetuar o depósito de 48 meses de FGTS dos mais de 400 funcionários da extinta Frangovit, com sede em Campo Grande, adquirida por ele (Diplomata) em 2008. A decisão foi tomada pelo juiz federal Ademar de Souza Freitas, a 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande, informa Vilson Gimenes Gregório, presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Mato Grosso do Sul - FTIA/MS.
A determinação do juiz, segundo o sindicalista, é para o Diplomata efetuar o depósito integral imediatamente. A indústria vinha protelando na justiça para não arcar com despesas da Frangovit existentes antes de ser adquirida pela empresa.
Vilson Gimenes esclareceu que o juiz entendeu que a responsabilidade trabalhista do Diplomata se estende também ao período que antecede a data da transação comercial das duas empresas.
Essa decisão judicial se deu a partir de ação impetrada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Campo Grande, presidida por Gilberta Gimenes Gregório, legítima representante dos trabalhadores em frigoríficos da Capital.

Pecuaristas de MT ameaçam bloquear frigorífico Quatro Marcos

Cerca de 70 produtores dos municípios de Colíder e Alta Floresta, região Norte de Mato Grosso, e com uma conta a receber de cerca de R$ 7 milhões, prometem bloquear a entrada do boi e a saída da carne das dependências do frigorífico Quatro Marcos, localizada em Alta Floresta a 812 km da capital Cuiabá, a partir do próximo domingo, dia 15 de novembro.
A planta, com capacidade de abate diário de 800 cabeças de gado, foi arrendada no inicio de julho pelo grupo JBS-Friboi, que anunciou na época, o arrendamento de cinco frigoríficos do Quatro Marcos desativados em Mato Grosso em recuperação judicial desde o final de 2008. As unidades ficam nas cidades de Juara (com capacidade de abate diário de 825 animais), Alta Floresta (800 animais/dia), Colíder (700 animais/dia), Cuiabá (800 animais/dia) e São José dos Quatro Marcos (900 mil animais/dia).
Desde que a unidade de Alta Floresta voltou a funcionar o clima é de muita desconfiança. “Ninguém nunca nos procurou para conversar sobre a dívida que já vai completar um ano ou como iriam agir a partir daquele momento”, disse revoltado o produtor Moises Prado dos Santos, que tem R$ 175 mil para receber do Quatro Marcos desde o dia 15 de dezembro de 2008. “Vamos bloquear o frigorífico no domingo pela manhã caso não apresentem uma posição aceitável até sexta-feira, 13. O Friboi, quando arrendou as unidades do Quatro Marcos, sabia que existia um passivo, tinha conhecimento de todos os problemas e mesmo assim não tomou nenhuma providência. Agora não vamos mais esperar, nós estamos decididos a fechar o frigorífico até que a situação seja resolvida”, garantiu Santos.
“O JBS-Friboi, maior empresa frigorífica do mundo começou uma relação comercial com produtores dos maior rebanho bovino do país, com 26 milhões de cabeças, de forma errada, pela porta dos fundos, desrespeitando o pecuarista”, disse o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso – Acrimat, Luciano Vacari. “Não podemos aceitar que continuem usando o pecuarista para resolver os problemas da empresa. Finalmente os produtores resolveram tomar uma atitude, pois a pressão é a única linguagem que o frigorífico entende e respeita”, disse.
O frigorífico Quatro Marcos tem uma dívida total de R$ 427.869.332,67. Com os pecuaristas o montante é de R$ 35,7 milhões, sendo R$ 26 milhões com 273 produtores de Mato Grosso. No próximo dia 12 de novembro, às 11 horas na cidade de Jandira- SP, no Teatro Municipal Luiz Gonzaga, na Rua Elton Silva, nº 450, Parque J.M.C. será realizada a terceira tentativa de acordo com o frigorífico Quatro Marcos. A segunda assembleia geral de credores – AGC – foi suspensa no dia 27 de outubro e adiada para a próxima quinta-feira(12). Pela proposta original do Quatro Marcos os pecuaristas seriam pagos pelo valor de face (sem correção) num prazo de 12 meses, com carência de mais 12 meses após a homologação do plano. Porém, a proposta apresentada na última AGC, o pagamento seria feito após a aprovação do plano, somente em janeiro de 2011 e em 12 parcelas, e não a partir do mês da aprovação do Plano, que seria novembro.

Mercado

Alcatra e contra filet continuam falando no mesmo patamar. Em média o preço de R$ 9,00 kg, mas houve venda no prazo de contra a R$ 8,80 kg e alcatra a R$ 9,00 kg, embora jhaja pedida de até R$ 9,30 kg, mas sem negócios evidentemente.
Dianteiro isolado a R$ 3,60 kg e PA a R$ 3,50 kg ambas de boi.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Frigorifico Torlin de Itaporã vai reabrir

ITAPORÃ - Durante a agenda de visita do governador André Puccinelli a Dourados, na ultima sexta feira, o prefeito Marcos Pacco foi informado que o Frigorífico Torlim, unidade de Itaporã, retomara suas atividades normais nos próximos 10 dias. Esta afirmativa foi confirmada pelos deputados estaduais Zé Teixeira, Londres Machado e Ary Rigo, que intermediaram as negociações junto ao governador e à Secretaria de Fazenda do Estado.
Desde o mês de agosto deste ano, o Frigorífico Itaporã estava de portas fechadas, na época, a indústria encerrou as atividades e demitiu 280 funcionários.
A justificativa do fechamento, segundo a gerência, é de que a indústria estaria suspendendo as atividades depois de perder o regime especial de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), o que obrigava o pagamento dos pecuaristas no momento em que os bois são retirados das propriedades. "Esta situação inviabilizou o funcionamento da indústria", disse o gerente.
Após o encerramento das atividades, a administração da indústria foi transferida para o Paraná, onde a empresa tem duas unidades, nos municípios de Umuarama e Maringá.
Na época, a direção disse que a indústria poderia voltar a funcionar, caso o governo do Estado revisse a concessão do benefício.
Diante do empenho dos deputados Zé Teixeira, Londres Machado e
Ary Rigo, o governo do Estado, através da Secerataria de Fazenda, abriu precedente e concedeu a renegociação dos débitos e a volta do regime especial para que o Frigorífico volte às atividades normais, inclusive com as exportações.
O prefeito Marcos Pacco, juntamente com deputado Zé Teixeira, vinha há mais de 3 meses, buscando soluções junto ao governo do Estado para a volta das atividades da empresa. Sensibilizado com o impacto que isso causou em Itaporã, o governador Andre Puccinelli atendeu aos apelos, fato esse muito comemorado por todos, pois a reabertura do Frigorífico é um ponto extremamente positivo, especialmente em um momento de crise.
Pacco reitera a importância desta ação do governo, confirmando que a unidade do Frigorífico Itaporã realmente era responsável pela maior geração de empregos no setor, sobretudo, incrementando a economia local e participando ativamente na questão social da geração de empregos e rendas para o município.

Cama de frango proibida de ser usada como ração

O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) proibiram ontem, através da Instrução Normativa (IN) nº 41, de 8 de outubro de 2009, a utilização de alimentos feitos com subprodutos de origem animal, como cama de frango, na criação de ruminantes, como bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos.
Em entrevista à Rádio JM, o presidente do Sindicato Rural de Uberaba Rivaldo Machado Borges, contou que a medida é lei e visa preservar de doenças causadas pela ingestão deste produto. “Os pecuaristas de Minas Gerais que alimentam o gado com subprodutos de aves e suínos, caso insistam nessa prática, vão sentir a consequência no próprio bolso, os animais podem ser sacrificados e os proprietários não terão nenhuma indenização’, explicou o presidente.
A medida foi adotada após a comprovação de que o uso da cama de frango causava doenças como a vaca louca, que começou na Europa e trouxe vários prejuízos para o setor pecuário do Continente. “Não temos conhecimento desta doença no Brasil, mas já tivemos o botulismo. Então, o Ministério preferiu prevenir antes que o alimento comece a desenvolver algum tipo de doenças nas pessoas”, contou.
Questionado sobre como ficará os produtores de cama de frango, Rivaldo disse que o produto poderá ser usado para adubação de pastagens. “Estes produtos podem ser utilizados de maneira geral como adubo na agricultura, mas em nenhuma hipótese devem ser incluídos na alimentação dos ruminantes”, concluiu.

Carne brasileira fica menos competitiva e margem cairá

SÃO PAULO - A margem dos frigoríficos brasileiros deve cair em 2010 com a valorização do real e a retração dos mercados dispostos a pagar mais caro pela carne. Atualmente, a cotação do boi gordo brasileiro, em dólares, só perde para a carne norte-americana. A mesma tendência começa ser seguida pelo mercado de aves e suínos.
Em contrapartida aos preços altos, a rentabilidade da indústria segue em queda e a meta de recuperação para o próximo ano já esbarra em obstáculos. "A expectativa de termos que conviver, no próximo ano, com o real valorizado somente reforça a urgência da imediata abertura de novos mercados com preços mais atraentes", afirmou Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Suína (Abipecs).
As exportações de carne suína em outubro ilustram bem o cenário de redução das margens: apesar da alta expressiva de 34,31% em volume, para 63,03 mil toneladas, em valor, as vendas externas caíram 9,67%. Segundo Camargo Neto, os preços continuam deprimidos, refletindo as crises financeira e setorial, que atingem os principais países produtores. Ele destaca ainda que a União Europeia, EUA e Canadá atravessam crise no setor de suínos parecida à do Brasil, vendendo a carne mais barato, o que torna o contexto de apreciação do Real mais complicado. "Estamos claramente perdendo competitividade. Nesse câmbio, nosso produto já está mais caro que o norte-americano", disse o presidente da Abipecs. Ele entende que para avaliar uma tendência para 2010 é necessário que o governo altere a política cambial. "Se deixar por conta do mercado vai ser um ano muito difícil", salientou.
O pecuarista Flávio Telles de Menezes, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e atual membro do conselho, afirma que entre os produtos agrícolas brasileiros, a carne só não está sendo tão afetada pelo câmbio quanto a soja. "A negociação possível é tentar fazer o preço subir em dólar que é o que a indústria frigorífica está fazendo", disse.
A estratégia de avançar nos preços em dólar também pode atrapalhar as exportações brasileiras. Isso porque ao longo da crise financeira mundial, o Brasil viu seus principais mercados importadores - Rússia e União Europeia - se retraírem. Além da importante quantidade de carne comprada, esses mercados costumavam pagar mais caro pelo produto brasileiro.
De acordo com Alexandre Mendonça de Barros, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e sócio da MB Agro, os volumes exportados já estão em paridade com os do ano passado e podem ser considerados bons. No entanto, o padrão de remuneração da carne que está sendo vendida é baixo. "O Brasil assegurou mercados, mas cresceu em países pobres, que não dispostos a pagar um preço alto pela carne", avaliou Mendonça de Barros.
Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), pelo segundo ano consecutivo, a arroba do boi acumula queda em outubro - neste ano, o indicador recuou 5,6%. No encerramento do mês, esteve a R$ 75,16, o que significa retornar ao patamar nominal de fevereiro de 2008. O fechamento de outubro é 14,4% inferior ao de outubro do ano passado (em termos nominais).
Os pesquisadores da entidade avaliam ainda que nos últimos dias, a pressão exercida, sobretudo pelas escalas alongadas de frigoríficos, tem levado pecuaristas a aceitar os valores ofertados por compradores, ainda que considerem as ofertas insatisfatórias.

Compensação

Se do lado das vendas a situação dos pecuaristas está complicada, do lado das compras as relações de troca estão melhores para os criadores. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, os pecuaristas da Bahia, Mato Grosso, Paraná e Pará têm atualmente um poder de compra maior do que no mesmo período do ano passado, considerando a venda de um boi gordo de R$ 16,5 arroba e a compra de bezerros recém-desmamados.
"Com a chegada do período de desmame, a oferta de bezerros deve aumentar e, como o mercado não está comprador, a expectativa é que os preços caiam, melhorando o poder de compra dos produtores com a venda do boi gordo", avalia Maria Gabriela Tonini, analista da Scot.